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Matéria Publicada em: 25/06/2021

BAIXA DISPONIBILIDADE DE SOJA E MILHO DEVE PUXAR PREÇOS NO BRASIL NO 2º SEMESTRE, DIZ ANALISTA



O produtor que tem soja e milho para comercializar no Brasil ainda deve ter boas oportunidades e patamares remuneradores de preços no segundo semestre

Pode piorar antes de melhorar, é verdade. Mas o produtor que tem soja e milho para comercializar no Brasil ainda deve ter boas oportunidades e patamares remuneradores de preços no segundo semestre. Como explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, aos poucos o mercado vai voltando à sua racionalidade e entendo que há os preços precisam estar altos diante de uma relação de oferta e demanda que é bastante apertada ainda. 

"Vivemos um mercado, hoje, fundamentalmente altista, com um desbalanço entre a oferta e a demanda, tanto de soja quanto de milho. A demanda foi acelerada a um ritmo mais rápido do que conseguimos acelerar a produção", diz. "E para piorar tivemos quebras de safra, como a da segunda safra brasileira de milho. E a única maneira do mercado de mudar esse fundamento é termos três, quatro anos  consecutivos de safras recorde tanto na América do Sul, quanto do Norte, ou um desincentivo da demanda via preços", complementa. 

O que se observa agora, com as baixas agressivas recentes, é um "momento especulativo de pressão", que traz boas oportunidades aos compradores, uma vez que os preços da soja chegaram a perder até R$ 30,00 por saca em algumas regiões do Brasil. "Na semana passada pouquíssimos negócios foram realizados no físico, sem os produtores quererem vender muito e os compradores também não conseguiram avançar muito com novas compras", explica Pereira. 

Ainda assim, de sexta (18) e terça-feira (22) cerca de 11 navios - ou cerca de 660 mil toneladas - de soja brasileira teriam sido comprados pela China, também diante das cotações mais baixas sendo registradas nos últimos dias em função do recuo dos futuros na CBOT. 

O Brasil segue apresentando soja mais competitiva em relação à norte-americana, pelo menos, até agosto, quando ainda conta, principalmente com prêmios mais baixos nos próximos meses. A partir de setembro, a situação começa a mudar. 

"O chinês está vendo nossa soja como uma barganha, está comprando o que há remanescente porque sabe que mesmo com a safra cheia nos EUA o produto não será suficiente para atender toda a demanda asiática e internas no Brasil e nos EUA. O chinês agora é o puro reflexo de que os preços da soja estão baratos agora e eles estão voltando com compras cada vez mais agressivas", afirma o diretor da Pátria. 

E embora os fundamentos sejam positivos, a especulação intensa que ronda o mercado futuro de grãos pode promover baixas ainda mais agressivas no mercado nos próximos meses, dada a volatilidade típica do momento de mercado climático nos Estados Unidos. Julho é o mês determinante para o milho norte-americano, agosto para a soja e até lá, as oscilações deverão ser fortes e o mercado deve caminhar sem uma rota bem definida. 

O Brasil deverá concluir 2021 com um volume de soja bastante limitado e chegar a 2022 com estoques próximos de um milhão de toneladas. No milho, o quadro não deve ser diferente, principalmente depois da quebra expressiva da segunda safra em função das adversidades climáticas. E os reflexos sobre uma recuperação dos preços, portanto, deverão aparecer no segundo semestre do ano, quando os produtores brasileiros poderiam vir a encontrar melhores oportunidades de comercialização, seja na exportação ou para atender a demanda doméstica. 

"Fundamentalmente, no segundo semestre, passando toda essa euforia climática, vemos que a soja e o milho tendem a voltar a patamares atingidos no mês de março, quando porto para soja se aproximou de R$ 190,00, milho no interior de São Paulo - base Campinas - a R$ 105,00 e não foram por fatores norte-americanos. Até aquele momento o mercado pressupunha que a safra dos EUA seria regular, perto de 120 milhões de toneladas de soja - a maior dos Estados Unidos - 380 milhões de toneladas de milho - a segunda maior da história do país. Mas chegamos aqueles patamares no Brasil por fatores de desequilíbrio entre oferta e demanda", diz Matheus Pereira. 

Em sua análise, o especialista acredita ainda que para que os preços "virem definitivamente a chave para uma tendência baixista" é uma boa parte da demanda sendo desestimulada. "Passada a turbulência climática, o mercado tende a voltar a focar no que realmente importa, que é se vai haver ou não grãos para atender a demanda global. E mesmo com safras recordes nos EUA, não temos oferta suficiente para atender a demanda global de soja e milho", diz. 

PREÇOS X DÓLAR
Pereira também explica que os preços têm espaço e força para registrarem essa recuperação mesmo diante de um dólar mais baixo frente ao real. Isso porque no primeiro semestre do ano o Brasil passou por uma depreciação de seus prêmios, o que deve ser reestabelecido nos próximos meses, justamente em função de uma baixa disponibilidade de soja.

"Devemos alcançar 66 milhões de toneladas comprometidas com a exportação já nesta semana. No ano passado tínhamos um ritmo um pouco mais acelerado, mas não temos os mesmos estoques de passagem que tínhamos no ano passado. Assim, níveis semelhantes de compromisso aos de 2020 é algo preocupante. Por uma demanda muito agressiva, podemos ter um esgotamento antecipado", afirma. 

Para o milho, o cenário é semelhante, mas por fatores diferentes. Depois da quebra da safrinha, as exportações brasileiras deverão ser menores, também pela oferta mais limitada. A demanda, porém, é um pouco menos intensa. "Mas temos uma redução de oferta ainda muito mais agressiva".  

DEMANDA INTERNA X EXPORTAÇÃO
Há diversos pontos do Brasil onde as indústrias nacionais já pagam melhor do que a exportação e esse é mais um movimento que pode puxar os preços para patamares melhores no mercado brasileiro. "Hoje já há muitas indústrias que adicioam preços para reter e se não adicionar, vai perder o grão", explica Matheus. 

SAFRA 2021/22
A safra 2021/22, que poderia apresentar um incremento de área de quase 6% nas estimativas preliminares da Pátria e alcançar mais de 40 milhões de hectares, foi a primeira a serc comercializada dois anos antes, por conta dos altos preços, e agora vê os novos negócios assumirem um ritmo um pouco mais lento. 

"Mas grande parte dos produtores rurais que viram o que aconteceu com a safra 2020/21 está mais calejado e agora com o pé um pouco mais no freio, esperando ter mais o físico na mão para voltar a comercializar um poucp mais. E ter o físico na mão é o que tentamos estimular por aqui, mas sem deixar descoberto. Fazer a proteção financeira e caso dê uma 'dor de barriga no mercado' da noite para o dia ele vai estar protegido e com a garantia de sua comercialização, mas com seus grãos disponíveis para vender como bem entender", afirma o diretor da Pátria Agronegócios.

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