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SOJA

Matéria Publicada em: 07/06/2023

SOJA: ESPECIALISTAS DIVERGEM SOBRE POSSÍVEL REDUÇÃO DE ÁREA, MAS CONCORDAM SOBRE MENOS INVESTIMENTO



Nova safra brasileira de soja não terá mesmo potencial que 22/23 na visão dos especialistas, ao menos por enquanto.

Embora todo o mercado de soja e milho estejam atentos, bem como os produtores brasileiros, à nova safra de grãos dos Estados Unidos, o planejamento da temporada 2023/24 vai ganhando cada vez mais espaço no dia a dia do profissional aqui no Brasil. Com os preços muito pressionados, testando seus menores níveis em, pelo menos, três anos, as estratégias de investimentos estão sendo repensadas. 

Analistas e consultores de mercado registram custos de produção consideravelmente menores em relação à temporada 2022/23, em especial pela queda nos preços dos químicos e fertilizantes - os quais testaram patamares historicamente elevados no último ano - todavia, o quadro pode ser insuficiente para estimular o sojicultor brasileiro a aumentar sua área ou até mesmo mantê-la. 

Os últimos números do IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) apontaram para um recuo de 5,7% no Custo Operacional Efetivo (COE) da safra 2023/24 em relação a anterior. "A maior queda veio do custeio, que caiu 12,91% ante a safra 22/23, puxado pelo recuo nos fertilizantes e corretivos (-21,28%) e semente (-20,51%). Esse cenário é reflexo da desvalorização nos preços dos insumos nos últimos meses, devido à menor demanda, cenário de oferta mais otimista no mercado externo e ao recuo mensal do dólar", informou a organização.

No mesmo reporte, porém, o insituto também pontuou que a depreciação contínua das cotações da soja acaba estreitando o ponto de equilíbrio da atividade, levando-o 8,47% por saca a mais do que na safra passada, no último levantamento até 19 de maio.

O cenário é semelhante em outros estados produtores e, por conta disso, algumas consultorias já acreditam que o Brasil poderia registrar uma diminuição de área nesta próxima temporada, pela primeira vez em desde a safra 2000/01. O gráfico da Pátria Agronegócios mostra esse movimento. 

Nos últimos 23 anos, a área brasileira cultivada com soja veio apresentando crescimento safra a safra, com exceção da transição de 20004/05 para 2005/06 e 2005/06 para 2007, quando diminuições de 2,4% e 9,1%, respectivamente, foram registradas. Assim, pela primeira vez em 17 anos, um novo decréscimo pode acontecer, depois de um aumento de 5,6% da 2021/22 para 2022/23.

"Temos que começar a pensar na sobrevivência de 2024. Um ano recheado de incertezas, capacidade grandes produções, mas també capacidade de catástrofes produtivas, vamos depender dessa base fundamental que é completamente imprevisível. Então, pensar um pouco hoje na sobreviência é importante. Temos sim uma soja muito desvalorizada, são os menores patamares em três anos", explica o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira. 

O especialista complementa afirmando que o "pensar na sobrevivência" é pensar nos custos. O momento é ainda de possibilidade de construção de custos de produção e de margens, mesmo que bem mais baixas do que nos últimos anos, destacando as baixas nos fertilizantes e químicos. "A construção dos custos agora também está em queda, assim como a soja, vale a pena o produtor fazer o dever de casa e sua contas e ver o que realmente está compensando para o próximo ciclo". 

No período de 1º de junho de 2022 a 1º de junho de 2023, os preços de referência do MAP, por exemplo, caíram 57% por tonelada, de acordo com o acompanhamento feito pelo analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza. Somente entre as duas últimas semanas de maio e o início de junho, a queda foi de 10%. 

Para Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, a redução de área é pouco provável e o mínimo esperado é uma manutenção. "Em alguns estados, mesmo com a queda da margem, os produtores não vão deixar de plantar. O que pode acontecer é diminuirmos o ritmo de crescimento de área no Brasil, mas redução, muito difícil Pelo menos é o que temos hoje". 

Em julho, a Safras & Mercado já traz seus primeiros números de estimativas de área de plantio da safra 2023/24 do Brasil.

A opinião é compartilhada pelo diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. O executivo também espera que ao menos mantida a área cultivada com soja seja no Brasil, diante da necessidade que o produtor tem de plantar e mesmo a custos que - embora estejam caindo - ainda são considerados elevados pelo sojicultor frente a preços tão baixos como os atualmente praticados para a oleaginosa brasileira. 

No entanto, Sousa faz um alerta. "Não deverá haver um grande crescimento de área, mas a safra do ano que vem nçao deverá ter a mesma qualidade de plantio, o mesmo investimento em tecnologia, os mesmos insumos. E o investimentos não serão menores em tecnologia só na soja, mas também no milho. 

O diretor da Labhoro afirma que a tendência é de que os produtores aguardem um pouco mais para tomar suas decisões sobre a nova temporada na medida em que a nova safra americana mostrar mais clareza. Afinal, as lavouras dos EUA estão apenas em fase inicial de desenvolvimento e, apesar de um começo bom com o plantio, há ainda muitas incertezas. As chuvas esperadas para junho e julho devem não só se confirmar como melhorar ou os preços podem reagir um pouco mais em Chicago. 

Assim, "podemos não ter redução de área no Brasil se tivermos um clima ruim nos Estados Unidos", diz. Sousa explica ainda que os campos americanos não contam com uma reserva hídrica e precisam destas precipitações se confirmando nos próximos meses e que a definição deste cenário será determinante para a direção das cotações em Chicago, e consequentemente, para os indicativos no Brasil. 

"Se as chuvas falharem agora, nestes próximos meses, os vencimentos mais longos podem subir bastante e os produtores melhores encontrarem preços melhores, inclusive para a safra nova", alerta. E diz também que há tempo ainda para que os produtores brasileiros tracem estratégias eficientes o bastante que lhes garanta margens saudáveis, mesmo que bastante ajustadas. 

Fonte: Notícias Agrícolas

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